Depois da tensão entre os pais na semana passada devido às
notícias sobre o jogo Baleia azul, eu não poderia deixar de expressar minhas
inquietações e pensamentos.
Muitos foram
os julgamentos aos adolescentes que supostamente participavam ou participam
desse jogo, como se o jogo em si fosse a causa do comportamento automutilador e
suicida apresentado por eles. Não!! Recuso-me a acreditar que jovens sãos
seriam capazes de tirar a própria vida por causa de um jogo. O jogo é apenas
uma consequência, um meio desses jovens “expressarem” o que realmente está
acontecendo com eles. Depressão é uma doença, não é falta de lavar uma louça ou
de arrumar um quarto.
A depressão
entre jovens vem aumentando nos últimos anos e isso é um problema mundial.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), já é a segunda maior causa de
morte entre jovens de 15 a 29 anos. Não é à toa que a organização escolheu esse
tema, este ano, para trabalhar ações de mobilização para o problema. Temos que
aproveitar o momento para pensarmos sobre o que está acontecendo com a nossa
sociedade. Ela está doente... Diariamente somos bombardeados por notícias de
ódio, intolerância, violência, corrupção, falta de ética, pedofilia, estupro e
por aí vai.
Como já vimos
e ouvimos muitas vezes, que mundo estamos deixando para nossos filhos, e, mais
importante ainda, que filhos estamos deixando para o nosso mundo?
Está
sobrando acusações, julgamentos e dedos apontados, e faltando empatia,
compaixão.
Está
sobrando permissividade, pais obedientes, e faltando autoridade, cuidado,
atenção e também “nãos”.
Está
sobrando raiva e agressividade, e faltando carinho e gentileza.
Está
sobrando egoísmo, individualidade, e faltando amor ao próximo e coletividade.
Está
sobrando iPads/tablets, videogames e PCs, e faltando brincadeiras/jogos em
família, sentados no chão ou ao redor da mesa.
Está
sobrando vídeos, filmes e Youtuber, e faltando o passeio e o brincar ao ar
livre.
Está
sobrando o prazer fácil e imediato, e faltando o esforço e as frustações na
infância.
Está
sobrando TVs nos quartos, e faltando refeições em família (sem os eletrônicos a
mesa, claro!).
Está
sobrando solidão, e faltando diálogo (principalmente entre pais e filhos).
Pode até
parecer, mas esse texto não é um julgamento da realidade das famílias atuais.
Até porque aqui em casa também tem excesso de iPads, videogames, PCs e Youtube.
Meu filho, como quase todos os amigos da idade dele, tem preguiça de ir na rua,
de andar. Mas também tem uma preocupação constante nos valores que estamos
ensinando, na qualidade do tempo que passamos juntos, nos diálogos e risadas
que compartilhamos (porque o Ruan adora conversar!).
Esse post é na
verdade uma tentativa de nos chamar para a reflexão sobre aonde estamos errando
com nossas crianças e adolescentes. Será que estamos devidamente atentos aos
seus sinais? Será que a mudança no comportamento da família contemporânea é a
responsável pelo aumento no número de depressão entre os jovens? Ou será apenas
mais um fator?
A depressão juvenil exige a nossa atenção: dos
pais, da escola, dos governantes, da sociedade. Temos que cuidar não só dos
jogos e de quem os cria, mas, principalmente, dos jogadores – nossos filhos!
Hoje, 25 de abril, dia do Amor, eu
desejo muito amor em nossos lares!!