A gravidez é um período de vivência
de muitos sentimentos e sensações. Alguns não tão positivos, como enjoos,
tontura, dor nas costas, dificuldade para dormir, variação de humor e, às vezes,
até complicações mais sérias. Mas a maior parte é feita de momentos deliciosos:
pensar no nome do bebê, na decoração do quarto, enxoval, a ansiedade de cada
ultra, imaginar o rosto do(a) pequeno(a), a espera pelo momento de dar à luz. Enfim,
são muitas emoções misturadas à insegurança se tudo sairá como esperado. A minha
dica para aumentar as chances de tudo dar certo, além de tomar todos os
cuidados que a gestação exige, é a busca pela informação, muita informação. Como,
por exemplo, a escolha do parto. Você precisa estar segura do que você gostaria
para esse momento. Você sabia que um parto não se resume a normal x cesárea? Então,
venha conhecer alguns tipos de parto, seus riscos e vantagens!
PARTO NORMAL:
ocorre com a saída do bebê pela vagina, após a mãe apresentar contrações e
dilatação do colo do útero. Além da vantagem do corpo da mulher ser preparado
para isso, a recuperação é rápida e há menor chance de infecções, dor pélvica
crônica e menor risco de complicações para a mãe e o bebê. Em relação às dores
que muitas mulheres temem, há técnicas que ajudam a aliviá-las, como banho de
imersão, massagens, caminhar e acupuntura, ou até mesmo anestesia. Normalmente,
é aplicada uma anestesia peridural quando as dores são intensas. Para acelerar
o trabalho de parto (TP), é comum utilizarem um hormônio sintético, a ocitocina.
Procedimentos como o enema (lavagem intestinal) e a tricotomia (raspagem dos
pelos pubianos) não são mais obrigatórios.
Com a dilatação completa do colo do
útero e as contrações intensas e frequentes, é hora da chegada do bebê. Exercícios
de respiração e muita força da mãe junto à pressão da parede do útero sobre o
bebê impulsionam este para fora. Muitas vezes, o médico realiza uma episiotomia
(corte cirúrgico do períneo, pele entre a vagina e o ânus) para ajudar na saída
do bebê e evitar lacerações na mãe. Após a saída da criança, o útero se contrai
novamente para a expulsão da placenta.
Outras vantagens do parto normal: a
compressão que o tórax do bebê sofre ao passar pelo canal de parto ajuda a
eliminar o líquido amniótico; favorecimento da produção de leite materno; e
retorno mais rápido do útero ao tamanho normal.
Indução do parto: em algumas situações, os médicos
veem necessidade de uma indução do TP através do uso de medicamentos ou pelo rompimento
mecânico da bolsa. Alguns exemplos de situações em que o parto pode ser induzido:
incompatibilidade de Rh entre a mãe e o bebê, onde a continuidade da gestação
pode expor a criança aos anticorpos; diabetes; gestação com mais de 40 semanas;
ou rompimento precoce da bolsa d’água.
PARTO A FÓRCEPS:
é um parto normal em que se utiliza um instrumento cirúrgico metálico, em forma
de 2 colheres, no interior do canal genital, ajustando-se na cabeça do bebê e
puxando, para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto. É utilizado em
casos de emergência ou sofrimento fetal e a mãe não consegue mais fazer força
para o bebê sair. Este procedimento deve ser evitado ao máximo pois representa
uma agressão tanto para a mãe como para o bebê, podendo deixar sequelas
irreversíveis. No Brasil, felizmente, o uso do fórceps não está entre as
principais opções dos médicos.
PARTO NATURAL:
não se trata de um novo tipo de parto, mas sim de um parto normal onde o ritmo
e o tempo da mãe e do bebê são respeitados. No parto natural, não há qualquer
intervenção como uso de ocitocina, anestesia, fórceps, episiotomia, estouro
mecânico da bolsa, manobras na barriga, etc. A mãe é apenas observada e
auxiliada no TP, além de ter liberdade para se movimentar e buscar a posição
mais confortável.
As mulheres podem optar por realizar
o parto de cócoras, na banheira, em casa, ou numa casa de parto. Durante o
pré-natal, é importante a mãe aprender técnicas de respiração e relaxamento,
exercícios para o fortalecimento do períneo e da musculatura da bacia, além de
entender o desenvolvimento natural do parto e o que acontece em cada etapa.
PARTO NA ÁGUA:
realiza-se dentro de uma banheira, com a água cobrindo toda a barriga e numa
temperatura de 37ºC. O companheiro também pode entrar na água para apoiar a
mãe. A água morna alivia as dores das contrações, uma vez que provoca um aumento
da irrigação sanguínea da mãe, diminui a pressão arterial, além de relaxar a
musculatura.
Em relação ao parto natural
tradicional, o parto na água é mais rápido e menos dolorido para a mãe, além de
menos impactante para o bebê, que sai de um ambiente líquido e quentinho para
outro também líquido e quente.
No entanto, existe algumas
restrições. Este tipo de parto não é recomendado em TP prematuro, presença de
mecônio, sofrimento fetal, sangramento excessivo da mulher, diabetes, mães HIV
positivo, com hepatite B, herpes genital ativo, bebês com mais de 4kg ou que
precisem de monitoramento contínuo.
PARTO DE CÓCORAS: é um parto natural onde a mãe fica na posição de cócoras, instalada em
uma cadeira especial. A gravidade aqui dá uma forcinha extra, ajudando na saída
do bebê e diminuindo as dores. A liberdade de movimento é maior, além de não
ocorrer a compressão de alguns vasos sanguíneos, como acontece em partos
deitados. A participação do pai, a ausência de métodos invasivos para alívio da
dor e a recuperação imediata são outras vantagens desse tipo de parto.
Recomendado para mulheres que tiveram
uma gravidez saudável e sem problemas de pressão alta, o parto de cócoras é
realizado com o feto na posição cefálica, ou seja, de cabeça para baixo.
PARTO LEBOYER:
criado por um médico francês, este parto natural possui alguns procedimentos
que deixam o momento menos estressante. O ambiente deve ser calmo, com uma
música tranquila de fundo (se a mãe desejar) e com pouca luz para não incomodar
o bebê. O companheiro também pode participar. Todo o parto é conduzido pela mãe
e, como todo parto natural, não deve haver qualquer tipo de intervenção. O bebê
é colocado imediatamente após nascer no colo da mãe e o cordão umbilical só é
cortado após parar de pulsar. O bebê é então colocado numa banheira com água
morna para proporcionar uma transição suave do útero para o ambiente externo.
PARTO HUMANIZADO: atualmente, há uma forte campanha no Brasil por este tipo de parto. Muito
semelhante ao parto natural, sendo muitas vezes até tratado como sinônimos, o
parto humanizado não é exatamente um tipo de parto diferente, mas sim um
processo, uma mudança de atitude em relação aos períodos pré-parto, parto e
pós-parto. Humanizar o parto é respeitar as vontades e necessidades da mãe; é
respeitar a fisiologia natural do parto; é dar liberdade e respeitar as
escolhas da mulher (mesmo que tenha que ser uma cesárea). O médico deve dar as
opções de escolha, baseadas na história do pré-natal e desenvolvimento fetal, e
intervir o menos possível nas escolhas feitas pela mãe. Ela é a protagonista do
seu parto. Ela escolhe onde ter o bebê, qual acompanhante prefere no TP e na
hora do parto, a melhor posição para o bebê nascer, tem liberdade de
movimentação no TP, não precisa ficar em jejum se preferir e pode amamentar na
primeira meia hora de vida do seu bebê, além de requerer que o bebê não sofra
intervenções como aspiração das vias aéreas ou uso de colírio de nitrato de
prata. Cada vez mais acredita-se que a presença do filho junto à mãe
imediatamente após o parto é tão ou mais importante para o vínculo afetivo dos
dois do que os exames realizados no bebê assim que ele nasce.
A mãe deve contar com a presença do
companheiro e, muitas vezes, de uma doula, parteira ou obstetriz, que a
acompanha durante a gestação, no TP e no parto.
PARTO CESÁREA:
hoje o tipo de parto mais realizado no Brasil, a cesárea é um parto cirúrgico e
indicado (ao menos deveria ser assim) por motivos clínicos, como infecção herpética
ativa, sofrimento fetal, gestante hipertensa ou diabética, entre outros. Ainda assim
o ideal é que a mãe entre em TP, com dilatação e contração – marcar a data do
parto não garante que o bebê já está pronto para nascer.
Por ser um procedimento cirúrgico, os
cuidados com assepsia são ainda maiores, assim como os riscos de complicações
também. Em geral, a mãe recebe uma anestesia raquidiana (ou a peridural), mas
em alguns casos a anestesia geral é necessária. Seus braços são presos a
suportes laterais e uma tela é colocada a sua frente, e por isso ela não
consegue acompanhar o parto. O médico faz então um corte de aproximadamente 15cm,
em 7 camadas de tecido, pouco acima da vagina, para chegar ao interior do
útero. Assim que o bebê é retirado, ele é apresentado à mãe e submetido aos
primeiros procedimentos pelo pediatra. A equipe médica remove a placenta, a examina
e fecha o corte com pontos cirúrgicos. A mãe é então sedada e permanece em
observação por algumas horas antes de poder ver o seu bebê novamente.
A recuperação da mãe na cesárea é bem
mais lenta do que em qualquer outro tipo de parto, e ainda precisa cuidar da
cicatrização do corte. Outras desvantagens: dor no corte ao realizar alguns movimentos
como sentar, levantar, tossir; leva um tempo maior para o leite materno descer
(às vezes chega a demorar até 5 dias); há um maior risco de infecção materna; e
o bebê pode apresentar problemas respiratórios.
Enfim, essa foi a minha tentativa de
colaborar com você, gravidinha, na escolha do seu parto. A minha sugestão é:
pesquisem muito sobre o assunto, conversem com seu obstetra, exponha seus
medos, dúvidas e desejos, para que possam juntos analisar, de acordo com a
saúde da mãe e do bebê, a melhor escolha de parto, para que este momento seja
realmente perfeito e inesquecível. E um cuidadoso pré-natal é fundamental! Mas esteja
consciente da possibilidade de mudar de plano no decorrer do TP para não haver
frustações.
Desejo a todas as futuras mamães discernimento
e sabedoria para a melhor escolha, e muito boa sorte quando o sonhado momento
chegar! E não deixe de nos contar a sua experiência ;)