Não, eu não
vou falar aqui sobre o quanto as mães que trabalham em casa dão duro e o quanto
não são reconhecidas. Eu vou falar sob um outro ponto de vista do
assunto, uma reflexão pessoal, que talvez já tenha acontecido com outras.
Há alguns
meses fui com meu marido visitar um amigo dele de trabalho recém-papai. A mãe,
com pouco mais de 20 anos, é uma fofa! E aproveitei para conhecê-la um pouco
mais. E no meio da nossa pizza, entramos no assunto de casa, filho e trabalho.
O marido entregou a pouca disposição e alegria dela em trabalhar fora. Morando
há pouco tempo em Santos, ela não trabalha. E não pensa em voltar. Mas também
relatou toda a sua dedicação e mínimos cuidados com a casa. Tem vassoura para
isso, pano para aquilo, gosta até de ficar olhando a máquina de lavar
trabalhando. Adora ser dona de casa! – eles concordaram.
Exatamente o
oposto a mim! rs E o fato dela ser uma geração mais nova que a minha (são quase
20 anos de diferença) me fez refletir (novamente) o quanto as pessoas são
diferentes e o quanto devemos respeitar as suas escolhas.
Esse fato me
remeteu há uns 13 anos, quando eu ainda me questionava sobre a escolha das
mulheres em deixar seus empregos, suas profissões, para se dedicarem
exclusivamente a filhos, casa e marido. Não, eu não conseguia entender. Estava
presa à imagem da minha mãe como modelo, mãe de 3 filhos, casada, sem empregada
e ainda professora. E foi então, acreditem, que um simples filme me fez
repensar minhas certezas. Não que eu tivesse, na ocasião, questionado minhas
escolhas. Mas me fez rever o olhar que eu tinha sobre mulheres que tinham feito
escolhas diferentes das que eu queria para mim.
O tal filme
foi “O sorriso da Mona Lisa”, estrelado pela Julia Roberts e escrito por Lawrence
Konner e Mark Rosenthal. O filme se passa no início da década de 50 e conta a
história de uma professora de arte, liberal, que vai trabalhar numa escola
feminina, super tradicionalista, onde as mulheres são educadas apenas para
serem esposas cultas e mães responsáveis. O conflito então se dá pelos ideais
liberais da professora x os costumes e tradições da escola e das próprias
alunas. A prof tenta mostrá-las que as mulheres podiam exercer outros papéis na
sociedade diferentes de apenas mãe e esposa. No entanto, muitas optam seguir os
padrões tradicionais da sociedade americana da época. Fizeram suas próprias
escolhas. E eram felizes assim!
Não sei se
vocês assistiram e gostaram, mas eu adorei esse filme por tudo o que ele
representou para mim, naquele momento. E a essência não está tão desatualizada
assim, num momento em que se acusa muito e compreende pouco. Numa sociedade que
ainda não aprendeu a respeitar o próximo e suas escolhas, infelizmente.
Pois é, foi
preciso apenas ver um filme e refletir para que eu mudasse minha perspectiva
sobre várias escolhas e certezas. Às vezes um filme não é só um filme, uma
diversão. É bom ser uma “metamorfose ambulante”. E é melhor ainda quando cada
vez mais aprendemos a compreender e respeitar o diferente. A vida fica mais
colorida!!
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