terça-feira, 25 de abril de 2017

Baleia azul: causa ou consequência?





           Depois da tensão entre os pais na semana passada devido às notícias sobre o jogo Baleia azul, eu não poderia deixar de expressar minhas inquietações e pensamentos.
            Muitos foram os julgamentos aos adolescentes que supostamente participavam ou participam desse jogo, como se o jogo em si fosse a causa do comportamento automutilador e suicida apresentado por eles. Não!! Recuso-me a acreditar que jovens sãos seriam capazes de tirar a própria vida por causa de um jogo. O jogo é apenas uma consequência, um meio desses jovens “expressarem” o que realmente está acontecendo com eles. Depressão é uma doença, não é falta de lavar uma louça ou de arrumar um quarto.
            A depressão entre jovens vem aumentando nos últimos anos e isso é um problema mundial. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), já é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Não é à toa que a organização escolheu esse tema, este ano, para trabalhar ações de mobilização para o problema. Temos que aproveitar o momento para pensarmos sobre o que está acontecendo com a nossa sociedade. Ela está doente... Diariamente somos bombardeados por notícias de ódio, intolerância, violência, corrupção, falta de ética, pedofilia, estupro e por aí vai.
            Como já vimos e ouvimos muitas vezes, que mundo estamos deixando para nossos filhos, e, mais importante ainda, que filhos estamos deixando para o nosso mundo?
            Está sobrando acusações, julgamentos e dedos apontados, e faltando empatia, compaixão.
            Está sobrando permissividade, pais obedientes, e faltando autoridade, cuidado, atenção e também “nãos”.
            Está sobrando raiva e agressividade, e faltando carinho e gentileza.
            Está sobrando egoísmo, individualidade, e faltando amor ao próximo e coletividade.
            Está sobrando iPads/tablets, videogames e PCs, e faltando brincadeiras/jogos em família, sentados no chão ou ao redor da mesa.
            Está sobrando vídeos, filmes e Youtuber, e faltando o passeio e o brincar ao ar livre.
            Está sobrando o prazer fácil e imediato, e faltando o esforço e as frustações na infância.
            Está sobrando TVs nos quartos, e faltando refeições em família (sem os eletrônicos a mesa, claro!).
            Está sobrando solidão, e faltando diálogo (principalmente entre pais e filhos).
            Pode até parecer, mas esse texto não é um julgamento da realidade das famílias atuais. Até porque aqui em casa também tem excesso de iPads, videogames, PCs e Youtube. Meu filho, como quase todos os amigos da idade dele, tem preguiça de ir na rua, de andar. Mas também tem uma preocupação constante nos valores que estamos ensinando, na qualidade do tempo que passamos juntos, nos diálogos e risadas que compartilhamos (porque o Ruan adora conversar!).
            Esse post é na verdade uma tentativa de nos chamar para a reflexão sobre aonde estamos errando com nossas crianças e adolescentes. Será que estamos devidamente atentos aos seus sinais? Será que a mudança no comportamento da família contemporânea é a responsável pelo aumento no número de depressão entre os jovens? Ou será apenas mais um fator?
           A depressão juvenil exige a nossa atenção: dos pais, da escola, dos governantes, da sociedade. Temos que cuidar não só dos jogos e de quem os cria, mas, principalmente, dos jogadores – nossos filhos!
          Hoje, 25 de abril, dia do Amor, eu desejo muito amor em nossos lares!!
 

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