sexta-feira, 20 de maio de 2016

Plano de parto: o que é?




Futuras mamães, vocês sabiam que podem documentar suas escolhas sobre as diversas fases do trabalho de parto (TP) e como gostariam que seus bebês fossem cuidados após o nascimento?

É o Plano de parto. Já ouviram falar?

Surgiu nos EUA, há mais ou menos 30 anos, como uma carta onde a gestante relata como prefere passar cada etapa do TP e como ela e o bebê devem ser tratados antes, durante e depois do nascimento.

Mais do que um documento, o Plano de parto permite à mulher conhecer e compreender sobre diferentes assuntos que permeiam o momento do nascimento, como: quais procedimentos médicos ela aceita e quais prefere evitar; onde ela quer ter seu bebê; qual o tipo de parto ela quer; quem ela escolhe estar presente em cada momento do TP e durante o nascimento; quais intervenções ela aceita ou não que façam em seu bebê... Enfim, são muitas variáveis nas quais ela pode ter controle. E o Plano de parto chega como um exercício de reflexão sobre suas escolhas e um ponto de partida para o diálogo com o seu obstetra. Cada gestante tem o direito de participar das decisões que envolvem seu bem-estar e o do seu bebê. O médico tem o dever de explicar os benefícios e prejuízos de cada procedimento ou intervenção médica realizados durante o TP, no parto e após o nascimento. E a partir do histórico do pré-natal, a gestante e a equipe médica, juntas, podem decidir as melhores condutas a serem realizadas durante todo o TP e o nascimento. Deve ficar claro que mudanças de planos podem ser necessárias durante o processo, uma vez que nem sempre as coisas saem como planejadas, mas as decisões devem ser tomadas sob conhecimento e autorização da gestante ou do(a) acompanhante. Por isso, é tão importante que a pessoa escolhida para acompanhar o TP e o parto esteja ciente do seu Plano de parto.

O ideal é que seu Plano de parto esteja pronto no 7º mês de gestação, e você pode protocolar na maternidade de sua escolha se assim desejar.

Aqui eu trago 3 modelos, tirados da internet, de Planos de parto. Estes podem ser feitos em forma de carta, de itens ou de questões. Como você preferir. Dá uma olhada nos exemplos:

 
Modelo 1

"Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto:
-  presença de meu marido e doula.

- sem tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem intestinal).

- sem perfusão contínua de soro e ou ocitocina 

- liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado. 

- liberdade para caminhar e escolher a posição que quero ficar. 

- liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro. 

- monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo. 

- analgesia: peço que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Eu pedirei quando achar necessário.

- sem rompimento artificial de bolsa.

 
Parto:
 - prefiro ficar de cócoras ou semi-sentada (costas apoiadas).

 - prefiro fazer força só durante as contrações, quando eu sentir vontade, em vez de ser guiada. Gostaria de um ambiente especialmente calmo nesta hora.

- não vou tolerar que minha barriga seja empurrada para baixo.

- episiotomia: só se for realmente necessário. Não gostaria que fosse uma intervenção de rotina.

- gostaria que as luzes fossem apagadas (penumbra) e o ar condicionado desligado na hora do nascimento. Gostaria que meu bebe nascesse em ambiente calmo e silencioso.

- gostaria de ter meu bebe colocado imediatamente no meu colo após o parto com liberdade para amamentar.

- gostaria que o pai cortasse o cordão após o mesmo ter parado de pulsar.


Após o parto:
- aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou massagens. Se possível ter auxílio da amamentação.

- ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto, mesmo para exames e avaliação.

- liberação para o apartamento o quanto antes com o bebê junto comigo. Quero estar ao seu lado nas primeiras horas de vida.

- alta hospitalar o quanto antes.


Cuidados com o bebê:
- administração de nitrato de prata ou antibióticos oftálmicos apenas se necessário e somente após o contato comigo nas primeiras horas de vida.

- administração de vitamina K oral (nos comprometemos em dar continuidade nas doses).

- quero fazer a amamentação sob livre demanda.

- em hipótese alguma, oferecer água glicosada, bicos ou qualquer outra coisa ao bebê.

- alojamento conjunto o tempo todo. Pedirei para levar o bebê caso esteja muito cansada ou necessite de ajuda.

- gostaria de dar o banho no meu bebê e fazer as trocas (ou eu ou meu marido).


Caso a cesárea seja necessária:
- exijo o início do trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea.

- quero a presença da doula e de marido na sala de parto.

- anestesia: peridural, sem sedação em momento algum.

- na hora do nascimento gostaria que o campo fosse abaixado para que eu possa vê-lo nascer.

- gostaria que as luzes e ruídos fossem reduzidos e o ar condicionado desligado.

- após o nascimento, gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo.

- gostaria de permanecer com o bebe no contato pele a pele enquanto estiver na sala de cirurgia sendo costurada.

- também gostaria de amamentar o bebê e ter alojamento conjunto o quanto antes.      


Agradeço muito a equipe envolvida e a ajuda para tornar esse momento especial e tão importante para nós em um momento também feliz e tranquilo como deve ser.

Muito obrigada,


Local e data,


 Assinatura dos pais 


 Assinatura do médico obstetra                  assinatura do pediatra

 

Modelo 2

Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Listamos nossa preferência em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto

Você quer a presença de pessoas durante o parto?

( ) sim  ( ) não

Quem você quer presente durante o parto?

____________________

Você quer tricotomia (raspagem  dos pelos pubianos)?

( ) sim ( ) não

Você quer enema (lavagem intestinal)?

( ) sim ( ) não

Você quer perfusão contínua de soro?

( ) sim ( ) não

Você quer água e sucos enquanto forem tolerados?

( ) sim ( ) não

Você quer perfusão contínua de ocitocina?

( ) sim ( ) não

Você quer escolher a posição em que quer ficar?

( ) sim ( ) não

Você quer fazer caminhadas?

( ) sim ( ) não

Você quer uso ilimitado de banheira ou chuveiro?

( ) sim ( ) não

Você quer monitoramento fetal contínuo?

( ) sim ( ) não

Você quer que a bolsa seja rompida artificialmente?

( ) sim ( ) não

Você quer analgesia?

( ) sim ( ) não ( ) apenas se solicitado

Parto

Qual posição você prefere?

( ) deitada ( ) cócoras ( ) semissentada

Você gostaria de ser guiada, na hora de fazer força?

( ) sim ( ) não

Você quer epistomia (corte no períneo)?

( ) sim ( ) não

As luzes da sala de parto devem ser apagadas na hora do nascimento?

( ) sim ( ) não

O bebê deve ser colocado no peito logo após o nascimento para mamar?

( ) sim ( ) não

Quem cortará o cordão umbilical?

( ) pai ( ) médico

O bebê deve ficar no quarto com você o tempo todo, a não ser que você solicite a retirada dele?

( ) sim ( ) não

Cuidados com o bebê

O nitrato de prata e antibióticos oftálmicos devem ser aplicados?

( ) sim ( ) não ( ) apenas se necessário

Você quer administração de vitamina K oral?

( ) sim ( ) não

Você quer amamentação sob livre demanda?

( ) sim ( ) não

Você autoriza o uso de água glicosada, bicos ou outros ao bebê?

( ) sim ( ) não

Você autoriza que as enfermeiras troquem ou deem banho no bebê?

( ) sim ( ) não

Quem pode trocar e dar banho no bebê?

____________________

Em caso de cesárea

Você quer ser sedada durante o parto?

( ) sim ( ) não

Você prefere esperar pelo trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea?

( ) sim ( ) não

Você quer a presença de pessoas durante o parto?

( ) sim ( ) não

Quem você quer presente?

_______________________

Qual tipo de anestesia você prefere?

( ) peridural ( ) raquidiana

Você quer que o campo seja abaixado durante o parto?

( ) sim ( ) não

As luzes da sala de parto devem ser reduzidas?

( ) sim ( ) não

Você quer que suas mãos fiquem livres durante o parto?

( ) sim ( ) não

O bebê deve ser colocado no peito logo após o nascimento?

( ) sim ( ) não

Você quer que o bebê fique com você durante a sutura?

( ) sim ( ) não

*Plano de parto inspirado no modelo do livro Parto Normal ou Cesárea- Tudo O Que As Mulheres Deveriam Saber, de Ana Cristina Duarte e Simone Diniz (Unesp)

 

Modelo 3

“Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao nascimento de nosso bebê, caso tudo transcorra tranquilamente. Sempre que os planos não puderem serem seguidos, desejamos, previamente, sermos comunicados e consultados a respeito das alternativas.

TRABALHO DE PARTO


Presença de um acompanhante de minha livre escolha e doula. Sem perfusão contínua de soro. Liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado. Liberdade para caminhar e mudar de posição. Liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro. Monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo. Analgesia: peço que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Eu pedirei quando achar necessário.

PARTO (HORA DO NASCIMENTO)


Prefiro cócoras ou cócoras sustentada, ou ainda, escolher na hora o que meu corpo desejar. Aceito outras sugestões caso as posições acima não funcionem. Prefiro fazer força quando me der vontade, em vez de ser guiada por alguém. Desejo um ambiente especialmente calmo nessa hora. Episiotomia: prefiro não ter, quero que o períneo seja aparado na fase da expulsão, além da aplicação de compressas quentes e massagem com óleo fornecido, de preferência vegetal. Desejo ter o bebê imediatamente colocado em meu colo e se houver necessidade de succionar as vias respiratórias, prefiro que seja feito enquanto ele está comigo. O pai cortará o cordão umbilical, depois que esse parar de pulsar.

APÓS O PARTO


Aguardar expulsão espontânea da placenta com auxílio da amamentação. O bebê deve ficar comigo o tempo todo, mesmo para avaliação e exames. Liberação para o apartamento o quanto antes. Alta o quanto antes.

CUIDADOS COM O BEBÊ


Amamentação sob livre demanda, não oferecer água glicosada ou bicos. Alojamento conjunto o tempo todo. Pediatra faz avaliação no nosso quarto.

CASO A CESÁREA SEJA NECESSÁRIA 


Desejo a presença de um acompanhante de minha livre escolha e a doula. Anestesia: peridural, sem sedação. Desejo ver a hora do nascimento, com o rebaixamento do protetor ou por um espelho. Após o nascimento, o bebê e eu estando bem, desejo que o coloquem sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo. Amamentação o quanto antes.

Agradeço a compreensão da equipe envolvida e por participarem desse momento tão importante para a nossa família”.

 

Esses modelos são apenas exemplos e uma ideia de como você pode fazer o seu. Bom parto!!

 


sexta-feira, 13 de maio de 2016

O direito de escolhas para o seu parto


 
   Está cada vez mais claro para as gestantes brasileiras que muitas práticas obstétricas são adotadas desnecessariamente, apenas por fazerem parte de uma tradição médica, e devem ser revistas e questionadas. Muitos procedimentos artificiais introduzidos tiraram a naturalidade do nascimento e não têm respaldo científico.
   Abaixo, listo alguns procedimentos ou medidas sobre os quais toda gravidinha pode (e deve!) ter escolha:

1-     Presença de um acompanhante: durante o trabalho de parto (TP) e no parto, o/a acompanhante pode dar suporte emocional; é direito garantido por lei federal.

2-     Lavagem intestinal (enema, clister, fleet enema, enteroclisma): desconfortável e desnecessária se o intestino funcionou normalmente nas últimas 24 horas. Caso contrário, você pode solicitar uma aplicação a qualquer momento.

3-     Liberdade para caminhar: caminhar estimula o útero, promovendo um TP mais curto e com menos chances de intervenções analgésicas.

4-     Liberdade para mudar de posição: diferentes posições podem ser mais confortáveis em diferentes momentos do TP: sentar, ajoelhar, deitar de lado, acocorar.

5-     Uso da água no TP: ficar embaixo do chuveiro ou imersa numa banheira alivia a dor.

6-     Água e bebidas leves: previnem a desidratação e diminuem a sensação de boca seca por conta das técnicas de respiração.

7-     Alimentos com alto teor de carboidratos e pouca gordura: são de digestão rápida e servem de suprimento energético para o TP.

8-     Raspagem dos pelos pubianos (tricotomia): apenas se a mulher desejar; não diminui a incidência de infecções e o crescimento após o parto pode ser desconfortável; na cesárea, pode ser feita a tricotomia parcial.

9-     Infusão intravenosa: apenas se houver indicação médica; restringe a mobilidade e interfere no relaxamento.

10-  Monitoramento fetal eletrônico: apenas se houver indicação médica; o aparelho restringe o movimento e a posição da mulher (deitada de costas) tem ação negativa sobre o TP e o bebê. A auscultação intermitente dos batimentos cardíacos fetais por uma enfermeira ou parteira treinada se mostrou igualmente efetivo.

11-  Rompimento da bolsa d’água: o rompimento artificial aumenta as chances de infecção e limita o tempo para o parto, além de gerar normalmente contrações mais dolorosas.

12-  Medicação para alívio da dor: deve ser administrada apenas quando você solicitar e após informações completas sobre os possíveis efeitos sobre você, o bebê e o TP.

13-  Presença de acompanhante de parto profissional: o suporte contínuo de uma profissional experiente, como doula, enfermeira, obstetriz, massagista ou fisioterapeuta, além de aliviar as tensões e medos do momento e oferecer informações adicionais importantes, tornam o TP mais curto e com menos intervenções médicas como uso de ocitocina, anestesia ou até mesmo a cesárea.

14-  Uso de ocitocina sintética: a indução ou aceleração do TP deve ocorrer apenas em necessidade médica; as contrações induzidas são mais dolorosas e podem restringir o suprimento de oxigênio ao bebê.

15-  Uso de suíte de parto ou a mesma sala/quarto para o TP e parto: evita a transferência às pressas, normalmente deitada de costas, para a sala de parto. Muitos hospitais já oferecem as suítes de parto, onde você fica durante todo o TP, parto e recuperação. Há ainda a possibilidade do parto ser realizado em casas de parto ou até na sua própria casa, em caso de parto normal de baixo risco.

16-  Posição confortável e eficiente na hora da expulsão: ficar quase sentada, deitada do lado esquerdo ou de joelhos pode ser mais confortável. Deitar de costas comprime o cóccix, diminui o diâmetro da pélvis e o útero comprime artérias importantes, impedindo um bom fluxo sanguíneo. A posição de cócoras diminui o comprimento do canal de parto, aumenta a abertura da pélvis e deixa as contrações mais eficientes, já que a expulsão está a favor da gravidade.

17-  Uso de estribos ou perneiras: deitar de costas e colocar os pés nos estribos ou perneiras dão ao médico uma ótima visão para o trabalho, mas fazem o períneo esticar demais, aumentando as chances de laceração.

18-  Episiotomia: apenas se for necessário; ao permitir que a cabeça do bebê saia vagarosamente, apenas sob as forças uterinas, o períneo tem maiores chances de distensão, diminuindo os riscos de lacerações. A recuperação da episiotomia pode ser desconfortável e a cicatriz muscular afetar o prazer sexual.

19-  Anestesia peridural ou raquidiana: apenas se necessária alguma intervenção cirúrgica ou a pedido da gestante.

20-  Ambiente acolhedor na hora do parto: é possível ter um ambiente calmo, tom de voz baixo, pouca luz, música ambiente, caso a gestante prefira.

21-  Clampeamento do cordão umbilical: a gestante pode solicitar que o clampeamento do cordão seja feito depois que parar de pulsar, permitindo que o bebê receba oxigênio pelo cordão enquanto o sistema respiratório começa a funcionar. O pai pode cortar o cordão, aumentando sua participação no nascimento.

22-  Bebê colocado imediatamente no seu colo: aumenta o vínculo precoce entre mãe e filho; ambos devem ser cobertos por uma manta para manter a temperatura do bebê.

23-  Amamentação do bebê assim que possível: a sucção do bebê estimula a produção materna de ocitocina, induzindo o delivramento placentário e reduzindo o sangramento pós-parto. O colostro age como um laxativo, limpando o trato intestinal do bebê do muco e do mecônio. Mesmo em caso de cesárea, a amamentação pode se iniciar ainda na mesa de cirurgia ou na sala de recuperação.

24-  Antibiótico oftálmico ou nitrato de prata: apenas se houver indicação médica (caso a mãe seja portadora de gonorreia, por exemplo) e após as primeiras horas do parto, depois da formação inicial de vínculo entre mãe e filho. Além disso, o nitrato de prata pode provocar conjuntivite química no bebê.

25-  Expulsão espontânea da placenta: tração ou massagem pode fazer com que algum tecido placentário fique no útero, provocando infecção ou hemorragia pós-parto.

26-  Amamentação materna exclusiva: o leite materno é o alimento ideal para o bebê; aumenta o vínculo mãe-filho; ajuda o útero a contrair e voltar mais rapidamente ao tamanho normal.

27-  Alojamento conjunto 24 horas: a menos que haja indicação médica, não deve haver separação entre mãe e bebê, favorecendo a formação do vínculo entre eles; permite a amamentação em livre demanda e a mãe pode aprender os primeiros cuidados com o recém-nascido sob a supervisão das enfermeiras.

28-  Início do TP mesmo em caso de cesárea: o TP é a indicação de que o bebê está pronto para nascer e diminui substancialmente as chances do bebê nascer prematuro.

29-  Assistir ao nascimento no caso de cesárea: pode-se rebaixar o protetor ou usar espelho na hora do nascimento e assim deixar a mulher presenciar esse momento tão singular na vida dela.

30-  Uso de sedativos pós-operatórios: sedativos podem provocar amnésia materna e atrapalham a interação mãe-bebê; a mãe pode usar de técnicas de relaxamento no lugar de sedativos.

    Muitos são os momentos e procedimentos que envolvem o trabalho de parto, o parto em si e o pós-parto. E a futura mamãe deve buscar conhecimento e diálogo com seu médico para fazer suas próprias escolhas com consciência, buscando sempre seu bem-estar e o do seu bebê. É um direito!

 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Anestesias: qual a utilizada em cada parto?



   A dor do parto é um dos principais medos das gestantes. Você que está gravidinha deve saber disso. Mas o que você precisa saber é que é possível amenizá-la por métodos naturais, como caminhada, massagens, banhos, acupuntura, técnicas de respiração, por exemplo. Mas se a dor continuar a ser um ponto crucial e você optar pelo uso da analgesia, venha descobrir um pouco sobre quais anestesias são normalmente utilizadas em cada tipo de parto.
 Primeiramente, é importante diferenciar os termos anestesia e analgesia. Simplificadamente, a anestesia é um estado de ausência de dor, movimentos e sensações em parte do corpo ou nele todo (comum em cesáreas). Já a analgesia promove apenas a perda da sensibilidade da dor, mas não dos movimentos e de algumas sensações, como a pressão (nos partos normais).
  As anestesias utilizadas nos partos são a local, geral, peridural e raquidiana (ráqui). O que as diferenciam são os tipos de anestésicos, quantidade e vias/locais de administração.
  A anestesia local é aplicada diretamente na região genital e é indicada no momento de expulsão do trabalho de parto (TP), quando o bebê já está nascendo e quando se realiza a episiotomia.
  A peridural é uma combinação de anestésicos que aliviam ou quase anulam a dor, mas mantêm as contrações. Ela é aplicada aos poucos, de acordo com a necessidade da gestante, por um cateter fino, nas costas, entre as 3ª e 4ª vértebras lombares. Ela demora cerca de 10 minutos para começar a fazer efeito e deixa a mulher livre para caminhar.
  Muitas mulheres têm medo da agulha nas costas, mas o anestesista faz a região adormecer com um anestésico local. Tem gestante que nem sente a agulha.
  A raquianestesia normalmente é aplicada quando a dor é mais intensa. É também aplicada via cateter, na região lombar, mas sua duração é mais longa (cerca de 1 hora) e seu efeito quase imediato. A gestante consegue participar ativamente do TP, especialmente durante o período expulsivo.
  Tanto a ráqui quanto a peridural podem ser utilizadas nos partos normal e cesárea. O que muda é a quantidade dos anestésicos. No parto normal, são aplicadas em menor quantidade para que a mulher não perca os movimentos das pernas.
  Existe ainda a opção de duplo bloqueio, onde se utiliza a combinação da raquidiana e da peridural. Assim, temos os benefícios das 2 anestesias: o efeito quase imediato da ráqui e a flexibilidade da peridural.
  A indicação do tipo de anestesia irá depender do estágio do TP, do quadro clínico da gestante e sua tolerância à dor, mas deve ser decidida em conjunto com a mulher, o obstetra e o anestesista.
  Segundo os médicos, os anestésicos, quando injetados na dosagem certa, geralmente não atrapalham a progressão do TP. Entretanto, quanto maior a dilatação no momento da aplicação, melhor; pois se introduzida muito cedo pode desacelerar o ritmo da evolução do TP, levando ao maior uso de intervenções como a ocitocina sintética ou o rompimento mecânico da bolsa. Além disso, a anestesia normalmente bloqueia o empuxo, deixando a mulher dependente do médico para saber a hora certa de fazer força. Ou seja, a gestante perde a autonomia sobre o parto.
  A recuperação total dessas anestesias ocorre em cerca de 3 horas, onde a mulher volta a ter sensações e a dominar completamente os movimentos.
  Mas e se o TP parar de evoluir ou houver alguma intercorrência que exija recorrer à cesárea?
  Neste caso, o médico pode aproveitar o cateter que estava sendo utilizado para a analgesia e aplicar o anestésico para a cirurgia. Na cesárea, são aplicados os anestésicos em maior quantidade para que a mulher perca também o movimento das pernas e a ação dure por mais tempo.
  Em casos graves e emergenciais, como hemorragias, ou quando há falha parcial de bloqueio espinhal pela ráqui ou peridural é necessária a utilização de anestesia geral, via endovenosa, que age em segundos. A paciente fica inconsciente e, portanto, não consegue assistir ao bebê nascendo.
  Após o parto com uso de anestésico, algumas mulheres sentem enjoos ou coceira. Vale ressaltar que, como em toda ocasião em que se usa anestesia, pode haver complicações, que são maiores na cesárea devido à maior exposição aos anestésicos. Dentre as complicações mais comuns estão a diminuição da pressão arterial e da atividade uterina, cefaleia, e, em casos mais graves, taquicardias ou paradas cardiorrespiratórias.
  Neste post, eu quis introduzir o assunto sobre as anestesias para que você possa fazer a sua escolha e ter controle sobre o seu parto até mesmo no que se refere à diminuição da sua dor. Mas você deve esclarecer qualquer dúvida, qualquer informação com o seu GO.
  Boa sorte!!!