Eu tenho lido e ouvido várias discussões a respeito das
crianças estarem conectadas em idades ainda tão pequeninas, mas não saberem
amarrar seus tênis aos 6 anos, por exemplo.
E aqui vai meu desabafo sobre essa comparação! E se você está
esperando que eu critique o fato de uma criança não saber amarrar seus sapatos,
mas adorar uma tecnologia, não vá até o final desse post, porque a minha
colocação é exatamente ao contrário.
Eu concordo que essa geração desenvolve, cada vez mais cedo, habilidades com os eletrônicos e anda super conectada (até demais!). Concordo que é desnecessário e exagerado crianças, às vezes com menos de 2 anos, possuir seu tablet e contas de e-mail ou perfis em redes sociais. Já postei aqui sobre a minha preocupação com o limite que damos à tecnologia nas nossas vidas e a minha indignação a uma cena, infelizmente corriqueira (você pode ler em O limite da tecnologia). Também já postei, semana passada, sobre crianças nas redes
sociais com menos de 10 anos e a minha resistência a essa ideia. Concordo que
as crianças hoje ficam muito tempo em frente a tablets, celulares, computador e
vídeo game, deixando de interagir com o mundo real. Concordo que hoje estamos
fazendo demais pelos nossos filhos e tirando suas possibilidades de desenvolver
autonomia. Concordo com tudo isso!!
O que não concordo é definir uma geração pela sua não
habilidade em amarrar seus próprios sapatos. Vejo essa comparação “amarrar os
sapatos x mundo digital” um tanto quanto simplista. E acho desrespeitosa a
forma como acusam as mães cujos filhos não sabem amarrar os tênis sozinhos.
Porque hoje tudo é motivo para apontar o dedo e criticar. Existe uma tentativa
insana de nos cobrar a Mãe Perfeita. NÃO SOMOS!!
Aí você vai dizer: ”Aposto que ela está falando isso
porque o filho não sabe amarrar seus sapatos.”
É verdade! Ele já tem 7 anos e amarra seus tênis com
dificuldade. Mas mexe num eletrônico com extrema facilidade. E assim é com a
maioria dos seus amigos. E vou te dizer porque aqui em casa é assim:
infelizmente, eu deixei a rotina acelerada do mundo atual tomar conta dos meus
dias e amarrava eu mesma seus sapatos para “ganhar” tempo. E desenvolver essa
habilidade realmente não era uma preocupação minha. E não me sinto menos mãe
por isso. Apenas não era uma prioridade. Mas posso garantir que ele é muito
carinhoso, atencioso, inteligente e obediente. Prezo pela educação e gentileza.
Ele agradece e usa as palavrinhas mágicas. Estabeleço regras para fazer o
dever, estudar, arrumar a própria cama, quarto e banheiro. Escova os dentes
antes de dormir sem que eu precise mandar. Leva o prato e copo para a cozinha
após as refeições. Escreveu seu nome sozinho ainda com 2 anos, muito depois de
ter largado a chupeta e as fraldas; nunca fez xixi na cama. Sempre foi muito
bem articulado para falar, adora conversar e tem muita facilidade com os
números. Gosta muito de jogos de tabuleiro e eletrônicos. Enfim, desenvolveu
muitas outras habilidades, que não amarrar seus sapatos sozinhos antes dos 7
anos. Perfeito? Não! Comete travessuras, tem dificuldades e faz coisas erradas
como toda criança e é muito preguiçoso e desastrado (o que muitas vezes me leva à loucura rs). Ahhh, e também ainda não
sabe andar de bicicleta sem rodinhas. Mas me orgulho enormemente e sou
completamente apaixonada pela criança que ele é.
Só gostaria de dizer a todas as mamães cujos filhos ainda não
amarram seus sapatos que não se sintam menos competentes por isso. E, sim, eu
entendo que falhamos, mesmo querendo acertar, e que a rotina corrida do mundo
contemporâneo nos fez reconsiderar nossas prioridades. Se perdoe por isso. E
viva a nossa imperfeição!
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