domingo, 20 de março de 2016

21 de março – Dia Internacional da Síndrome de Down


            A gravidez é um momento recheado de expectativas e emoções: o bater do coração, o crescimento da barriga, os chutes e movimentos que deixam a barriga transformada... O momento de cada ultrassonografia é tomado pela ansiedade, alívio e uma alegria infinita. Tudo parece perfeito... até a notícia que o bebê tem Síndrome de Down (SD). Na maioria das vezes, junto da notícia, vem o impacto da perda do filho “perfeito”, idealizado, sonhado; um bebê que não mais corresponde às expectativas construídas. E nasce também o medo de quais serão as suas necessidades, a insegurança em não saber como cuidar.

            Felizmente, hoje presenciamos uma luta maior contra o preconceito, embora ele esteja ainda muito presente. Mas o aumento da informação vem se tornando um grande aliado na inclusão social destes indivíduos. Apesar de haver ainda muito o que se fazer, o cenário vem mudando a cada ano. Temos cada vez mais crianças e adultos com SD participando ativamente do convívio familiar, escolar, acadêmico e social.

            Resultado de uma alteração genética, a SD é também conhecida como trissomia do cromossomo 21. E é exatamente por esta característica que o dia 21/3 foi escolhido como o Dia da Síndrome de Down.

            E que alteração genética é esta? O que ocorre é que, ao invés de 46 cromossomos esperados (23 pares), o feto apresenta 47 cromossomos em suas células; o cromossomo 21 vem com 1 cópia a mais. Na maioria dos casos, o cromossomo 21 extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação destes cromossomos no processo de formação do gameta de um dos pais – é a trissomia 21 simples. Existem outras formas de SD, porém raras, como o mosaico, quando a trissomia não está presente em todas as células; e por translocação, quando o cromossomo 21 está unido a outro cromossomo.

            Ainda não se sabe ao certo os fatores que levam à síndrome, mas sabe-se que a idade avançada da mulher, sobretudo a partir dos 35 anos, pode aumentar de forma progressiva a probabilidade do evento ocorrer, embora seja encontrada em bebês de mães de todas as idades.

            Se antes os pais sabiam do diagnóstico de SD somente após o nascimento do seu filho, hoje existem exames que rastreiam a presença de possíveis alterações genéticas ainda no início da gestação, entre a 11ª e a 17ª semanas. É possível, através da análise do sangue materno (onde se traça o perfil bioquímico) e da ultrassonografia morfológica fetal (que mostra a formação do osso nasal e a translucência nucal), sugerir um provável diagnóstico. Mas para a confirmação, exames invasivos são necessários, como a amniocentese (pulsão transabdominal do líquido amniótico entre as 14ª e 18ª semanas de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de fragmento da placenta). No entanto, por serem invasivos, a decisão sobre a realização destes exames deve ser discutida com o médico especialista. Após o nascimento, o diagnóstico de SD se confirma através do exame do cariótipo (estudo cromossômico), no qual se detecta a presença de um cromossomo 21 a mais. Este exame também ajuda a determinar o risco de recorrência dessa alteração em futuras gestações dessa mãe.

            As pessoas com SD apresentam características físicas específicas e um déficit intelectual, um ritmo particular para a aprendizagem. Muitas doenças associadas podem estar presentes, como: cardiopatias, problemas respiratórios e gastrintestinais, alterações auditivas, visuais e ortopédicas, hipotireoidismo congênito. A obesidade na adolescência também é um problema frequente e a dieta precisa de uma especial atenção. Diante de tantas necessidades específicas de saúde e aprendizagem, a criança, principalmente, precisa de uma assistência profissional multidisciplinar. E o ideal é que estude em escolas regulares, interaja com outras crianças e professores, sempre respeitando seu limite e desenvolvendo seus potenciais.

            É preciso estar consciente de que um filho com SD pode (e deve!) desenvolver todas as suas potencialidades, vencendo as limitações que a alteração genética lhe impõe. E, para isso, ele deve receber, desde o seu nascimento, estímulos motores e cognitivos rotineiramente, além, é claro, de muito amor, carinho, paciência e atenção. Ele é, como todas as outras crianças, capaz de amar, sentir, aprender, trocar, dividir e se divertir. Sensíveis, podem conquistar o espaço que quiserem.

            Numa sociedade tão intolerante e excludente, pedimos menos preconceito e mais amor, por favor! Um beijo grande, e esperança, a todos os que apresentam SD.

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