sexta-feira, 11 de março de 2016

Gravidez em tempos de zika...

             No final de janeiro deste ano, o Ministério da Saúde da Colômbia recomendou que as mulheres evitassem engravidar pelos próximos 6 meses, devido ao aumento no número de casos do vírus zika no país, gerando uma grande polêmica. Afinal, adiar ou não uma gravidez é uma decisão muito pessoal e um direito da mulher. E muitos são os argumentos de quem concorda e de quem não concorda com esta decisão.
            Identificada no Brasil no ano passado, o vírus zika se transformou no terror das gestantes e trouxe um dilema para quem sonhava em engravidar em breve.
            Transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado (o mesmo da dengue e da chikungunya), o vírus zika e a doença provocada por ele ainda estão cercados de dúvidas e interrogações.
            Assintomática na maioria dos casos, a zika pode se manifestar de forma parecida com a dengue, porém mais branda: dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias.
            Em relação às gestantes, as consequências parecem ser bem mais graves e complexas. O Ministério da Saúde do Brasil confirmou, em novembro de 2015, a relação entre a infecção pelo vírus zika em gestantes e o aumento no número de casos de bebês com microcefalia no nordeste brasileiro. No entando, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não ratificou essa associação, apesar de reconhecer as crescentes evidências desta possibilidade.
            Enquanto os casos se multiplicam pelo mundo, médicos e cientistas concentram esforços para levantar dados clínicos, virológicos e epidemiológicos que evidenciem (ou não) a relação entre o aumento dos casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos, como a Síndrome de Guillain-Barré (SGB), e a transmissão do vírus zika. Dessa forma, facilitaria a compreensão desta doença e suas consequências e ajudaria a determinar as ações internacionais para contê-la. Além disso, há uma corrida científica para produzir vacina, exames mais confiáveis e medidas eficazes de combate ao mosquito transmissor. Este último parece ser o mais urgente e é, ao meu ver, o que se mostra mais difícil.
            Como já disse, muitas questões ainda estão para serem esclarecidas. E, infelizmente, a desinformação se espalha, de forma irresponsável e veloz, pelas redes sociais, gerando medo. Cabe a nós pesquisar a veracidade das informações.
            Estudos se intensificam para confirmar: a ação do zika na retina e no nervo óptico de bebês cujas mães foram infectadas com o vírus; e se a transmissão viral ocorre também por via sexual (as evidências ainda são limitadas).
             Para a prevenção, muitas são as recomendações:
- eliminar o foco do mosquito em seus criadouros;
- proteção pessoal como: uso de mosquiteiros, roupas que minimizem a exposição da pele, telas em portas e janelas, uso de repelentes que contenham o princípio ativo DEET, IR3535 ou icaridina;
- proteção pessoal para as gestantes durante todo o período da gravidez, uma vez que estudos apontam que o vírus pode causar dano ao feto em qualquer fase da gestação e não somente nos 3 primeiros meses;
- evitar que gestantes viajem para regiões de surtos de zika;
- sexo seguro, principalmente as gestantes cujos parceiros sexuais viajem ou morem em áreas de surto da doença.
            E recomendação muito importante: mães infectadas pelo vírus NÃO devem interromper a amamentação!
            Diante desse quadro, ter medo de engravidar em tempos de zika é inevitável, mas não deve gerar pânico. A melhor decisão? Aquela baseada em informação! E, acima de tudo, prevenção. Façamos a nossa parte!



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